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domingo, 7 de novembro de 2010

PADRE CHAVES

Monsenhor Joaquim Chaves, o Padre Chaves, como ele gosta de ser chamado, faz muitos anos que se dedica de corpo e alma a igreja do Amparo, a primeira de Teresina, a igreja de seu amor. Sacerdote virtuoso, coração de bondade e sentimento, venera-o a paisagem teresinense, a que ele tem doado o melhor de uma vida de trabalho espiritual intenso, rezando missa, batizando menino, casando noivos, confessando pecadores, confortando fiéis. Todos gostam das práticas religiosas que ele realiza, pois nelas gasta apenas os instantes preciosos, com o que exonera a gente da freguesia de demoradas cerimônias e predicas puxadas. Adota receita segura para não prejudicar a paciência do próximo, ao mesmo tempo em que se põe sempre solicito e amigo leal e correto, inexcedível no querer bem aos outros.

Ao lado da piedade, debruça-se sobre a pesquisa histórica, persistente, sustentado por capacidade de observar, e desse esforço surgiram escritos de valor, úteis, honestos, rico patrimônio para repasto dos estudiosos. O seu livro sobre Teresina, que se incorporou as festas comemorativas dos primeiros cem anos da cidade como documentário expressivo, lembra as fases iniciais da capital piauiense - as ruas, os cafés, os templos, as casas comerciais, o teatro, os furdunços carnavalescos, as manifestações religiosas, os episódios cívicos, o telegrafo, o barco de vapor, a higiene, a policia, as escolas, os passeios de cavalo - enfim o que ia nascendo, o que se ia criando, os passos inaugurais dos costumes e do progresso da comunidadezinha plantada pelo conselheiro José Antônio Saraiva, o fundador, entre dois rios. E os forros. E os serenos de baile. E a discurseira laudatória nos banquetes e bródios. Quantas cousas antigas, com cheiro de mofo, o bom Padre buscou em registros velhos e delas fez obra saborosa.


A. Tito Filho, 22/12/1988, Jornal O Dia. 

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