Maria Isabel Gonçalves de Vilhena nasceu em 20 de agosto de 1896 e faleceu nesta Teresina que ela viu crescer no amor e no afeto e com os anos e a malvadez de muitos tornar-se uma cidade materializada e violenta. Fez a viagem final no último domingo, 27 deste novembro, depois de completar 92 anos de idade, desde nova dedicada à família, ao magistério e às letras poéticas.
Pertencia aos quadros da Academia Piauiense de Letras, cadeira 21, havendo substituído o rei Da Costa e Silva.
Publicou dois livros de poesias, um denominado NADA, o outro com o título de SEARA HUMILDE. Era espontânea, gosto apurado e estilo escorreito.
Martins Napoleão escreveu sobre Isabel o julgamento abaixo.
Neste século, onde as forças paganizantes dominam o mundo e se cumpre o "Apocalipse", a noção de espírito de beleza e de arte está completamente subvertida.
A poesia - que é a síntese de todas as artes e flor suprema de todas as civilizações - já não tem lugar no mundo, porque as artes morreram e não há mais civilização. Há apenas, uma ordem imperial no mundo. E, dentro dela, a marcha automática para a destruição e para a morte, com que se devasta, não apenas a expressão material do passado, mas tudo quanto se afigure imagem do espírito, símbolo da beleza e indício da ordem antiga. O homem, nesta conduta nietzcheana, lembrou-se que é o deus-de-si-mesmo e pulverizou tudo que recordasse o Eterno.
Por isso, todos os que fazem versos, contribuem para diminuir a intensidade da obra de materialização da vida e do homem. Tornam-se elementos de combate indireto ao domínio das grandes forças cegas, em que o homem novo se confunde com a natureza em tempestade.
Assim, não sei se é de louvar, ou temer, a coragem da autora de SEARA HUMILDE pela publicação de seus versos.
Não se perca a obra pelo título: Ruth, também, respigou na seara de Booz, e, nem por apanhar as espigas que sobraram da ceifa - humilde na riqueza - foi a menos amada das mulheres...
A. Tito Filho, 30/11/1988, Jornal O Dia.
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